
Diagnóstico de PHDA
O diagnóstico da Perturbação de Hiperatividade Défice de Atenção (PHDA) é clínico, ditado por um profissional de saúde. Não se confirma através de um exame de
sangue ou de imagem, mas sim de uma avaliação detalhada da história de vida, das
características e do impacto funcional.
O processo procura compreender como estas características se manifestam desde a
infância e ao longo do tempo, em diferentes contextos da vida.
Como é feito o diagnóstico?
A avaliação baseia-se nos critérios definidos nos principais manuais de referência — como o DSM-5 TR — e segue recomendações internacionais.
O profissional verifica:
- A persistência e intensidade das características nucleares de desatenção e/ou
hiperatividade-impulsividade (em adultos, o DSM-5 TR exige a presença de pelo menos cinco sintomas em um dos grupos, e pelo menos seis no caso das crianças). - O início antes dos 12 anos;
- A presença/impacto em dois ou mais contextos (por exemplo, casa, escola,
trabalho, relações); - Impacto funcional significativo a nível social, académico ou profissional;
- A ausência de outra condição que explique melhor as dificuldades.
O processo inclui também a recolha de informação sobre o contexto familiar e outros fatores relevantes.
Podem ser usados instrumentos complementares – como questionários, testes
neuropsicológicos, análises clínicas ou exames médicos – para recolher mais informação ou excluir outras condições. Contudo, estes instrumentos são facultativos e, na maioria dos casos, não são necessários para o diagnóstico, que se faz sobretudo através da entrevista clínica.
Quem faz o diagnóstico?
O diagnóstico médico é da responsabilidade de um médico com formação em saúde mental ou neurodesenvolvimento, que tem competência para:
- Verificar se estão presentes os critérios de PHDA;
- Excluir outras causas médicas ou psiquiátricas que possam justificar os sintomas (como alterações hormonais, perturbações do sono, défices nutricionais, etc);
- Avaliar a necessidade e prescrever, se necessário, tratamento farmacológico.
O médico pode realizar sozinho o diagnóstico de PHDA, com base na entrevista clínica e nos critérios diagnósticos formais.
Contudo, as guidelines internacionais recomendam, sempre que possível, uma avaliação multidisciplinar, para garantir uma compreensão mais completa do funcionamento da pessoa.
Diagnóstico psicológico
O psicólogo clínico ou neuropsicólogo pode também ter um papel importante no processo, fazendo o diagnóstico psicológico.
Através de entrevistas, observação e instrumentos de avaliação, o psicólogo:
- Verifica se estão presentes os critérios de PHDA definidos no DSM-5 TR;
- Caracteriza o perfil cognitivo, emocional e comportamental da pessoa;
- Elabora relatórios (neuro)psicológicos.
O psicólogo pode concluir que existem critérios compatíveis com PHDA, mas não pode, por si só, excluir causas médicas.
Por essa razão, é recomendado que o processo de diagnóstico seja finalizado por um médico, assegurando uma avaliação completa e rigorosa.
Porque é importante o diagnóstico?
Ter um diagnóstico significa compreender o que está por detrás das dificuldades e dar sentido à própria história.
O diagnóstico:
- Ajuda a compreender o próprio funcionamento, promovendo autoconhecimento e aceitação, validando as dificuldades e o sofrimento da pessoa;
- Permite reconhecer forças e desafios, desenvolvendo estratégias mais adaptadas e realistas;
- Possibilita o acesso a apoio adequados;
- Facilita adaptações formais na escola, universidade ou trabalho; e reforça a autoestima, o bem-estar e o sentimento de pertença, ao mostrar que
as características são partilhadas por outras pessoas, e que se tratam de uma
forma legítima e valiosa de ser e funcionar.
Receber o diagnóstico pode também marcar um ponto de viragem identitário: a pessoa começa a integrar a PHDA como parte da sua história, não como algo que define todo o seu ser, mas que ajuda a explicar em parte.
Este processo favorece o reconhecimento das próprias necessidades, a construção do autoconceito e a ligação a uma comunidade com vivências semelhantes, trazendo validação e sentimento de pertença.
Consequências do não-diagnóstico:
Quando a PHDA não é reconhecida, as suas manifestações podem ser confundidas com preguiça, irresponsabilidade, falta de motivação ou falhas morais.
Sem explicação nem apoio, muitas pessoas vivem em esforço constante, tentando
“funcionar como os outros”.
Algumas consequências mais frequentes são:
- Baixa autoestima e sentimento de inadequação;
- Maior vulnerabilidade a ansiedade, depressão e burnout;
- Dificuldades persistentes na vida profissional e nas relações;
- Aumento dos comportamentos de risco;
- Gestão ineficaz do tempo, finanças e rotinas;
- Diagnósticos errados e consequentes intervenções desajustadas com
- Consequências adversas.
Reconhecer a PHDA é, portanto, um passo essencial para quebrar este ciclo e criar
condições para aumentar o bem-estar e a qualidade de vida.